Segunda edição da Breeze apresentará o trabalho do artista mato-grossense Hal Wildson
O projeto Latitude - Platform for Brazilian Art Galleries Abroad e a Embaixada do Brasil em Londres promovem, entre os dias 3 e 31 de outubro, a mostra Breeze, que tem por objetivo promover a arte contemporânea brasileira nos mercados internacionais. Esta será a segunda edição da Breeze, que seleciona uma galeria brasileira para exibir uma exposição no coração de Londres, em meio ao período mais movimentado do ano para o mercado de arte no Reino Unido, durante a Frieze London, importante feira internacional que acontece entre 9 e 13 do mesmo mês.
Fruto da parceria entre a ABACT - Associação Brasileira de Arte Contemporânea e a ApexBrasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, o Latitude é um programa voltado para o apoio à internacionalização do setor de artes visuais brasileiro e conta hoje com cerca de de 60 galerias de arte participantes, localizadas em sete estados brasileiros e no Distrito Federal. Desde 2011, já foram realizadas 48 ações em mais de 26 diferentes feiras internacionais e as exportações das galerias apoiadas pelo projeto já ultrapassam os US$60 milhões.
“Eventos internacionais como a Breeze são importantes para apontar as tendências do setor e essenciais para alavancar novos negócios, aumentando a inserção dos artistas e galeristas brasileiros no cenário mundial, que é o maior objetivo do programa Latitude”, destaca Jorge Viana, presidente da ApexBrasil.
Marco Antonio Nakata, membro do júri da Breeze e diretor do Instituto Guimarães Rosa, órgão do Ministério das Relações Exteriores responsável por difundir as artes e a cultura brasileiras no exterior, ressalta que as artes visuais brasileiras têm tido uma presença internacional muito forte nas últimas décadas. “Desde o período em que Lygia Clark e Hélio Oiticica começaram a se tornar conhecidos no exterior, há uma tendência contínua de influência de artistas brasileiros no cenário internacional, ainda que este hoje seja muito mais fragmentado e competitivo", afirma.
Galeria Lume
A galeria selecionada para a Breeze neste ano foi a Lume, que passou pelo crivo de um comitê internacional formado por Adrian Locke, curador-chefe da Royal Academy of Arts;
Marco Antonio Nakata, diretor do Instituto Guimarães Rosa; Catherine Petitgas, historiadora da arte, colecionadora e conselheira institucional; Tamar Clarke-Brown, curadora na Serpentine Galleries, Caroline Carrion, CCO da Bienal de São Paulo; Carsten Recksik, editor na ArtReview; Frances Reynolds, do Instituto Inclusartiz; Jenny White FRSA, presidente da Fundação Sasakawa da Grã-Bretanha; Michael Asbury, curador, escritor e palestrante na UAL e Paulo Vieira, advogado e diretor executivo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Fundada em 2011, em São Paulo, com a proposta de fomentar o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos e dirigida por Paulo Kassab Jr. e Victoria Zuffo, a Lume representa um seleto grupo de artistas já estabelecidos e emergentes e busca estabelecer o diálogo entre a produção de seus artistas e instituições como museus e coleções de relevância. A galeria se disponibiliza como espaço de reflexão e discussão, recebendo palestras, performances, seminários e apresentações artísticas de naturezas diversas, além de marcar presença ativa e orgânica no circuito de feiras nacionais e internacionais.
“É um imenso orgulho para a Lume representar a produção contemporânea brasileira através da obra do Hal Wildson, um artista de fora do tradicional circuito das grandes metrópoles, com uma formação autodidata e um trabalho tão significativo e atual. Ter a validação de um corpo curatorial respeitado e competente é um reconhecimento muito importante”, comemora Victoria Zuffo.
Hal Wildson
A Lume exibirá “Reflorestar nossa gente”, uma exposição individual de Hal Wildson, artista multimídia e poeta nascido em 1991 no vale do Araguaia, região de fronteira entre Goiás e Mato Grosso. A partir de sua vivência no sertão do Centro-Oeste, marcada pela configuração de sua família mestiça e marginalizada, o artista investiga a construção do Brasil confrontando os projetos de identidade, memória e esquecimento que sustentam a história oficial na medida em que busca respostas sobre a própria origem.
Através de objetos simbólicos oficiais e de processos de documentação que foram utilizados nas últimas décadas - como a datilografia, datilograma, carteiras de identidades, carimbos - materiais e processos técnicos utilizados para documentar o oficial e portanto capazes de forjar a mitologia e a história de um país e marcar a individualidade, o artista se utiliza dos recursos de documentação do oficial para questionar os projetos de “memória e esquecimento” aplicados como políticas de controle social, em um trabalho que ousa confrontar e disputar o poder do simbólico como alternativa para criar realidades mais justas.
“Ainda que meu trabalho parta desse lugar de luta que eu habito no Brasil, acredito que é mais que urgente que o mundo refloreste o próprio imaginário. No meu trabalho, falo sobre as diversas camadas de violência escondidas através de projetos de apagamento, sobre as democracias e uma consciência ambiental ligada a nossa própria humanidade, penso que esses são caminhos importantes para debatermos, em um mundo que cada vez mais tensionado pelo negacionismo e a extrema direita na política”, afirma Wildson, que tem expectativas muito positivas para sua primeira exposição internacional.
Os trabalhos de Hal Wildson que serão apresentados na Breeze serão escolhidos através da curadoria de Lucas Albuquerque, bacharel em história da arte e mestre em processos artísticos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, curador da Casa Museu Eva Klabin (Rio de Janeiro) e com passagens pela Galeria Aymoré, Instituto Inclusartiz, Delfina Foundation, Frac Bretagne, Homessessions e Rijksakademie. Realizou ainda a curadoria de diversas exposições nacionais e internacionais e desenvolveu a pesquisa “As relações entre melancolia e nostalgia no filme Sixty six”, sobre o cineasta americano Lewis Klahr.
“A história latino-americana convoca, ainda, a se pensar paralelos entre narrativas de imigrantes dentro da malha social britânica, entendendo os pontos de contato e diferença das conquistas e resistências desenhadas em torno de outras colônias europeias ao redor do mundo. Afluente, tal como as ramificações do Rio Araguaia: é assim que Hal Wildson traça a história de seu povo”, destaca o curador.
Cronograma
- Breeze - período expositivo: 26/09 a 31/10 2024
- Evento de Abertura - 03/10
- Frieze London - 09 a 13/10
- 1-54 London - 10 a 13/10
Sobre a ABACT
A ABACT - Associação Brasileira de Arte Contemporânea, é uma entidade sem fins lucrativos que representa cerca de 60 galerias de arte contemporânea no Brasil e promove ações de profissionalização e incentivo à desburocratização do setor, além de ações educativas e de conexão entre os agentes de mercado nacional e internacional. Nos últimos anos, o protagonismo da ABACT nas ações de internacionalização das galerias brasileiras se deu de forma mais intensa através do Projeto Latitude, desenvolvido em parceria com a ApexBrasil, com canais de comunicação e cronograma próprios de atuação.
Sobre a ApexBrasil
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) atua para promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira. Para alcançar os objetivos, a ApexBrasil realiza ações diversificadas de promoção comercial, como missões prospectivas, rodadas de negócios, apoio à participação de empresas brasileiras em grandes feiras internacionais, visitas de compradores estrangeiros e formadores de opinião para conhecer a estrutura produtiva brasileira entre outras plataformas de negócios que também têm por objetivo fortalecer a marca Brasil. A agência também atua de forma coordenada com atores públicos e privados para atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil, com foco em setores estratégicos para o desenvolvimento da competitividade das empresas brasileiras e do país.